Terapia ABA é efetiva no tratamento do autismo

A terapia ABA — Applied Behavior Analysis ou Análise do Comportamento Aplicada — é a intervenção que mais tem se mostrado efetiva no tratamento de pacientes com TEA (Transtorno do Espectro Autista). A condição de saúde caracterizada por déficit nos processos de comunicação e comportamento social ainda não tem cura e é diagnosticada em cerca de 0,8% a 1% das crianças.

Há muito tempo que o TEA deixou de ser raro e seus efeitos são severamente sentidos pelos pacientes, seus cuidadores e pelas instituições que os atendem. O resultado disso é a existência de uma série de intervenções multidisciplinares.

Um dos métodos mais recomendados na atualidade é a terapia ABA, que, segundo a Associação para a Ciência do Tratamento do Autismo dos Estados Unidos, é o único tratamento que possui evidência científica suficiente para ser considerado eficaz.

HISTÓRIA

ABA é uma aplicação científica voltada a compreender e melhorar o comportamento humano. Pode ser descrita como uma abordagem sistemática para entender comportamentos com relevância social e gerir soluções para os mesmos.

A história da Análise do Comportamento Aplicada está enraizada nos trabalhos dos psicólogos norte-americanos Edward Lee Thorndike, John Broadus Watson e Burrhus Frederic Skinner e do fisiologista russo Ivan Petrovich Pavlov.

No entanto se atribui a criação da ABA e a fundação do periódico mais importante da área - Journal of Applied Behavior Analysis - aos psicólogos estadunidenses Donald Baer, Montrose Madison Wolf e Todd Robert Risley em 1968.

Os estudos mostrando o quanto esse tipo de análise pode auxiliar no tratamento de pessoas com TEA começaram na década de 1980, se popularizando rapidamente nos Estados Unidos e Reino Unido.

O psicólogo norueguês Ole Ivar Lovaas, radicado nos Estados Unidos, foi um dos primeiros pesquisadores a modificarem comportamentos de crianças autistas utilizando a terapia ABA.

APRENDIZAGEM SEM ERRO

A terapia ABA no tratamento do TEA consiste no ensino intensivo das habilidades necessárias para que o indivíduo diagnosticado com autismo se torne independente e tenha a melhor qualidade de vida possível.

Fundamentado na observação e investigação, o método tem aplicação dinâmica e mostra tendência ao descobrimento de novos princípios comportamentais, o que contribui de forma efetiva para o desenvolvimento de estudos.

Especialistas definem a aplicação da terapia ABA para crianças autistas como "aprendizagem sem erro". Ela trabalha, basicamente, no reforço dos comportamentos positivos.

Durante o tratamento, as habilidades geralmente são ensinadas de forma individualizada, via apresentação de uma instrução ou dica, com o professor auxiliando o aluno por meio de uma hierarquia de ajuda.

As oportunidades de aprendizagem são repetidas muitas vezes até que a criança demonstre a habilidade sem erro em diversos ambientes e situações.

A aprendizagem sem erro proposta pela terapia ABA envolve o alerta precoce e imediato do alvo, de modo que a resposta do aluno esteja correta. Essas instruções imediatas garantem o sucesso.

Uma vez que o aluno esteja familiarizado com o comportamento-alvo, a solicitação é sistematicamente diminuída até que ele seja capaz de responder corretamente por conta própria.

HABILIDADES

Entre as habilidades ensinadas na terapia ABA, estão os comportamentos que interferem no desenvolvimento e na integração do indivíduo diagnosticado com autismo.

Nos comportamentos sociais, são incluídos contato visual e comunicação funcional. Nos comportamentos acadêmicos, constam pré-requisitos para leitura, escrita e matemática.

Já nas atividades do cotidiano, está a higiene pessoal. Também é trabalhada a redução de comportamentos como agressões, estereotipias, autolesões, agressões verbais e fugas.

Um dos importantes benefícios da terapia ABA é a diminuição da frustração e do desânimo do paciente. Ao garantir que os alunos respondam corretamente, especialmente durante a aquisição de uma nova habilidade, o aprendizado sem erros ajuda a aumentar a motivação e o prazer de aprender.